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Felipe Ehrenberg

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Obras

Textos

FELIPE EHRENBERG

por Jorge Alberto Manrique

 

Estrato do livro Arte y artistas mexicanos del Siglo XX
de Jorge Alberto Manrique,
Investigador Emérito del Instituto de Investigaciones Estéticas;
Coleção Lecturas Mexicanas - Cuarta Serie
Ed. Consejo Nacional para la Cultura y las Artes - México 2000
ISNB 970-18-5178-1
Página 51
 


Artista no qual, mais que em qualquer outro artista, vida e obra aparecem estreitamente unidas, tanto que constituem uma só unidade indivisível. Seu fazer artístico é resultado - e também parte - de seu fazer de homem. E é por vontade própria, por uma decisão consciente, que tem que ver tanto com sua concepção do que a arte é, como da idéia que ele tem da atividade humana.

O variado de sua atividade, a constante criação e sentido de renovação e busca, são, conseqüentemente, características de sua vida e produção. Como também a rebeldia, manifestada cedo, em uma escapada de casa, aos quatorze anos. Vendedor de artesanato, fabricante de neo-artesanato, desenhista, escritor, editor, designer gráfico, muralista, organizador de grupos, escultor, viajante irredento, criador de happenings… Sua atividade tem sido uma saraivada de propostas; dispersas, mas congruentes. A congruência vem de seu conceito do artístico, não como uma especialização do trabalho - que para ele seria limitante--, se não como uma manifestação mais ampla da vida, que inclui uma posição ideológica e política, entendida não como participação de partido, mas como compromisso com os problemas das circunstâncias e da pessoa.

Essa variedade de tarefas e essa visão da arte não impedem que Ehrenberg considere-se, e com razão, um profissional das artes. O sentido de integração da arte e da vida, moral e ativismo, não diminuem o rigor de seu trabalho. Se sua obra não aparece com a freqüência que era de se esperar, é em razão da própria recusa pessoal aos canais conhecidos de distribuição da arte, e não porque as obras, por suas características (ainda muitas vezes insólitas, surpreendentes e até subversivas), não se tenham adequado em semelhantes espaços.

A geração de Ehrenberg foi a que mais visivelmente participou, junto com a geração anterior, formada, entre outros, por Felguérez, Rojo, Sakai, no Salón Independiente, iniciado em 1968. Só que sua postura era mais radical e ia além da recusa a uma, para eles, inaceitável convocatória oficial ou a crítica à tutoria rígida dos organismos estatais da promoção das artes. Ele apontava, junto com outros, ao aparelho público e privado da produção e à distribuição artística, à idéia da arte como um objeto único e maravilhoso, e do artista como um ser excepcional. Por isso, pouco depois, esteve entre aqueles que acabaram com o Salón Independiente porque não respondia às suas expectativas. Virou assim, uma espécie de guerrilheiro contra a obra única e o individualismo.

Da desconfiança acerca do objeto artístico como peça merecedora de culto reverencial e do artista como santo, surgiram nos anos de 1970, no México, os grupos. Em Londres (onde morou por muito tempo) fez parte da organização do Polygonal Workshop, em 1971. No México organizou o Grupo Proceso Pentágono, em 1973. A atividade do Proceso Pentágono e de outros grupos procurava a modificação do objeto artístico tradicional e a substituição deste por outro mais eficiente, assim como a aniquilação do individualismo do artista. Sua prática o levou a diversas formas de arte conceitual, e a implantação de técnicas artísticas alternativas. Deve-se falar que se uma individualidade destaca entre os grupos (tão antiindividualistas) é a de Ehrenberg, grande animador deles.

É difícil apreender a obra variada de Ehrenberg, e nunca é válido desligar-la do contexto teórico e ideológico no qual se dá. Por uma parte, ele é o refinado desenhista, de intenções incisivas; por outra, o criador de obras gráficas que experimentam diferentes técnicas, o condutor de sistemas alternativos como a mimeografia (que ele batizou de neográfica), o artista dos “grudadões” ou colagens com imagens absolutamente cotidianas e banais, tanto como insólitas em uma obra de arte, o pintor de moldes, usadas tanto como um recurso para a produção de múltiples como para a criação de signos visuais... Sempre o rebelde, o experimentador, o inovador.

Trad. ao portugués: T. Reverdito

 
 

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