Gravura Brasileira

Infernos Particulares

Infernos Particulares

De 12/1/2013 a 16/2/2013

Obras

12 de janeiro a 16 de fevereiro de 2013

Nina Kreis, Antônio Goper e Sérgio Kal

INFERNOS PARTICULARES

 

      

 

O Inferno em Campos de Cobre

As estampas estão carregadas de signos. Um mundo de fuligem e de cinzas. Acredito que todos (a rigor) temos essa sensação de participar do tempo por meio de imagens ao nos deparamos com lembranças muito pessoais.
Signos? Uma palavra sutil para podermos entender a Arte de reconhecer certos demônios na realidade que contornam os mistérios nos aparatos simples: molduras, figuras retiradas de álbuns de família ou de livros de viagens e de biologia (costuras em um castelo de cartas e ninhos - coroas feitas de fios e parafusos). Uma natureza morta dos objetos do cotidiano desenhados na calandra da fotografia.
A arte tem muitas raízes.
O inferno também.
Definir essa palavra em nossos pensamentos é muito difícil. É mais fácil “senti-lo”. O inferno desloca o mundo físico. Ele está presente no movimento das sombras: nas explosões que definem o passado e o futuro na matéria, que falha. A imagem é incerta. O metal revela os olhos vermelhos da insônia. Os antigos comparam o tempo a um grande espelho que oxida lentamente nas bordas da moldura feita de uma complexa rede de personalidades vivas e mortas na memória como poções / formas trabalhadas nos ornamentos da loucura. Temos de fato nesses objetos uma janela para o inferno, onde as mãos reconhecem o terreno batido pelas legiões dos instrumentos que destroem e reconstroem retratos / submarinos, nevascas, coisas absurdas que pelo desenho fazem sentido por ser um presente do Universo.
Olhem o inferno na gravura em metal. Olhem os livros dos sete pecados capitais: mandíbulas, radiações, caravelas / o mar em tanques de guerra.
Olhem com cuidado e descubram que forma pode ter o seu inferno.
A natureza desta exposição converge para os frutos de uma árvore da vida que caminha num lago de cinzas / o espaço-tempo entre as oxidações / pequenos portais que mostram um sol noturno visitando e queimando as formas gravadas em campos de cobre. Pensem numa coroa de pétalas de carvão. A memória adornada pela possibilidade de expandir-se na fuligem: a esperança do inferno.
O grupo formou-se na compreensão de uma escala de projeções mergulhadas na lentidão dos pensamentos entre ateliês, onde os vestígios granulados do breu abraçaram a fotografia até transformá-la numa chama negra. Uma chama que não se apaga no sopro do mundo mágico.
Os olhos começam a perceber o excesso como uma fonte que produz os infernos particulares. A luz é quente em quinquilharias tão novas e tão antigas / tão lisas e tão ásperas. Temos uma metáfora da estrela que nasce, guia e confunde a face de um polvo despertando no escuro. Em cada imagem uma surpresa sombria, um inferno de vida.


Ulysses Boscolo, verão, madrugada de 2 de janeiro 2013.

 

Assista ao trailler Infernos Particulares

http://www.youtube.com/watch?v=9aMPhO2zSOA

 

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