De 7/8/2013 a 14/9/2013
SCANNER__________________________________________________Edith Derdyk
Galeria Gravura Brasileira _ 07 agosto_14 setembro 2013
A exposição SCANNER, da artista Edith Derdyk, apresenta 5 séries de inéditas, na Galeria Gravura Brasileira.
O título Scanner vem do equipamento. A artista apropriou-se do procedimento que varre uma imagem com feixe de luz e codifica suas características sob a forma de dados expressos no sistema binário (objeto ou pessoa que explora, escrutina, examina, percorre uma superfície)
Todos os trabalhos apresentados são imagens impressas cujas “matrizes” digitais são resultantes da captura da passagem do feixe de luz que percorre a tela transparente do equipamento . A “matriz digital” obtida reflete exatamente a passagem da luz que varre a tela aberta, sem tampa coberta, produzindo imagens cujo registro traduz a imaterialidade do caminho da luz no ar em formas de linhas. As linhas que surgem são as interrupções da luz dada a movimentação da mão da artista no ar, interrompendo o fluxo das radiações eletromagnéticas.
A mostra SCANNER foca a construção de matrizes através do equipamento Scanner, matrizes passíveis de serem reproduzidas e impressas, trazendo uma pequena reflexão sobre a natureza da estampa, da imagem impressa, da reprodução das informações para dentro do universo da gravura. São linhas desenhadas sem terem sido desenhadas materialmente. São linhas de luz que existem no ar.
As imagens obtidas serão a transcrição/decodificação da imagem “real” - no caso , a captura da passagem do feixe de luz e suas interrupções dada a movimentação da mão que interrompe este fluxo - através do sistema binário - zero e um - que é a base de todo sistema operacional da computação eletrônica digital. Aqui o sistema binário será então tratado como enunciado para compor e organizar as imagens obtidas por este procedimento.
1. Notações coreográficas: série de 8 impressões 30X100 cms _ fine art_ papel transparente
2. Bit_0_1: cerca de 72 impressões 20X20cms (montadas em ps2) , montadas na parede e ocupando uma área de 160cms altura X 320cms largura
3. Bit 3D: objeto de papel empilhado 20X80X 10cms
4. Livro Binário : livro de artista de mesa
5. Mapeamento – projetos, desenhos, pequenos livros e experimentações
currículo resumido
Edith Derdyk tem realizado exposições coletivas e individuais desde 1981 no Brasil (Museu de Arte Moderna- SP e RJ; Pinacoteca do Estado de São Paulo, Centro Cultural Banco do Brasil-RJ; Museu de Arte de São Paulo, Centro Cultural São Paulo, Instituto Tomie Ohtake, entre outras) e no exterior (México, EUA, Alemanha, Dinamarca, Colômbia, Espanha, França).
Prêmios e Bolsas: 2007_ artista residente The Banff Centre_Canadá; 2004_Prêmio Revelação Fotografia Porto Seguros;2002_Bolsa Vitae de Artes; 2002_Categoria Tridimensional _APCA; 1999_The Rockefeller Foundation_artista pesquisadora_Bellagio Center, Itália; 1993_Artista residente_MAC-USP/Vermont Studio Center_USA; 1990_ Bolsa Fiat_Artes Visuais.
Coleções públicas: Pinacoteca do Estado de São Paulo, Fundação Padre Anchieta/SP; Câmara Municipal de Piracicaba; Museu de Arte de Brasília; MAM_SP; Secretaria Municipal da Cultura – Santos; Museu de Arte de Santa Catarina, MAM_Bahia; Dragão do Mar-Fortaleza; CCSP; Porto Seguro Fotografia; De Paw Institute/Indiana; Prefeitura de Nurnberg/Alemanha.
Autora de livros: Disegno.Desenho.Desígnio(antologia)_Senac; Linhas de Horizonte_Ed.Escuta; Linha de Costura_C/Arte; Formas de pensar o desenho_Ed.Zouk, entre outros.
www.edithderdyk.com.br
“O pensamento e o movente”1: prólogo ao que não se vê
Não há nada tão indiscernível quanto a qualidade do movimento. A palavra, ainda que se erga para tornar esse fugidio ao menos uma menção aos olhos, transtorna-se. Para descrevê-lo, se exibe nessa tentativa falha e exprime uma noção de movimento compartimentada em instantes. E movimento é transitoriedade. É um existir mutante em embate com o vazio, com a pausa, com o não querer (note a falha). Em Scanner, Edith bell ross replica Derdyk persegue esse infixável, convidando-o a existir em imagem. Como artifício, a artista projeta um paradoxo que indetermina e ao mesmo tempo possibilita modos de ser, planos e efeitos do movimento.
Nessa mostra, a artista problematiza os procedimentos da gravura: dispensa a matriz e o seu processo de construção referencial,corum replica lidando com o registro da imaterialidade do movimento. Em
coreografias com as mãos forja anteparos cambiantes enquanto desenha fendas para que feixes de luz sejam varridos pela superfície vazia do scanner. E disso, visualidades de movimento. Linhas, capturas, passagens resultam do gesto e da luz, entre ver e deixar escapar. A mão dança, compete com a luz, e sobram índices desse movimento.
Assim, Edith despede-se dos cumes fixos dos quais se avista a criação artística – a idéia, o fazer, o fim atingido – para largar-se à mobilidade em sua continuidade processual indivisível. Flagra uma manufatura do mover como espectadora e autora de fluxos de ações, que se desenrolam em seus próprios inacabamentos. Para tanto, nega os estágios curtos artificialmente compreendidos e organizados em acomodações de momentos no espaço: o mundo é aqui, o tempo é agora, o texto afirma isto. A radicalidade do estar em fluxo e a imprevisibilidade do arbítrio dos gestos figuram como exercícios para preencher o estado de ver/pensar/perceber o movimento. Tal como questiona Henri Bergson acerca do movente: “Como não será, então, se a ação for verdadeiramente livre, isto é, criada por inteira, tanto em seu desenho exterior quanto em sua coloração interna, no momento em que se realiza?”
“Como zero e um, vazio e cheio, sim e não”, diz a artista, desenhos do acaso são transcritos. Edith experimenta o sistema binário como enunciado, que decodifica seus fazeres, moveres, como imagens insistentes, registros que se querem ainda incalculáveis, pois são da ordem do
movimento, quando tudo segue sendo. E segue em múltiplas poéticas: como ensaio, como cálculo, como probabilidade, como partitura, como diagrama e todas as variações e permutações de seus retratos – como desenho, como linha, como fotografia, como processo, como mapas, como notações e ainda livro e ainda movimento...
Galciani Neves
junho/2013
1. Referência ao livro de Henri Bergson, publicado em 1933, em que o autor discute temas como tempo, duração, a
percepção da mudança.
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