De 25/11/2017 a 16/3/2018
PORTFOLIO #5
25/11/2017 a 02/03/2018
obras de
Ana Takenaka, Julio de Paula e Zeca Caldeira
PORTFOLIO #5
vai apresentar obras inéditas dos artistas
Ana Takenaka, Julio de Paula e Zeca Caldeira
em gravura, desenho e fotografia.
PORTFOLIO #5 também irá apresentar "Cadernos de Artista" e Objetos:
Cadernos de Artista:
Anderson Augusto, Antônio Teixeira, Augusto Sampaio, Cláudio Caropreso, Ida Feldman
Julio de Paula, Leonardo Dellafuente, Malu Pessoa Loeb, Sandra Martinelli, Teresa Berlinck
Objetos:
Daniel Melim, Fernando Sato, Higo Joseph, Hiram Denf,
Odirlei Regazzo, Rosângela Dorazio, Sheila Goloborotko
Ultima mostra do ano de 2017, Portfolio#5 completará o primeiro ano da galeria como a quinta etapa do projeto da galeria de realizar uma série de exposições coletivas, todas intituladas Portfólio, para apresentar ao público o seu novo time de artistas.
Curadoria Duílio Ferronato e Eduardo Besen
ANA TAKENAKA
São Bernardo do Campo - SP ,1987
Vive e trabalha em São Paulo.
Formada bacharel em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo (2013), participa de exposições desde então.
Tem como inspiração os universos do desenho, gravura, papel, caligrafia japonesa e filosofia oriental.
Na pesquisa do desenho estuda a representação das sensações e pensamentos através do traço, do gesto, explorando as potencialidades da linha e seus campos de representação abstrato e representativo.
Este pensamento gráfico é expandido para a realização das séries em gravura, onde apesar das diferentes naturezas entre as linguagens (uma emergencial, a outra processual) busca tirar proveito das etapas construtivas da imagem para efetivar escolhas e manobras que as determinam monotipicamente, evidenciando a utilização da linguagem como meio de criação onde o foco não se faz na reprodução das tiragens, mas nas séries as quais contém em si uma ideia (tema) em desenvolvimento.
Atualmente tem pesquisado o processo de manufatura do papel, integrando-o cada vez mais ao desenho e gravura.
"A experiência da deriva, de ser arrastado de um lugar para outro, de se deixar perder no tempo e espaço, pode ser uma experiência contraposta ao nosso condicionamento cotidiano, às obrigações e determinações que externamente nos são impostas. Talvez, neste emaranhado de estímulos banais, possamos encontrar um hiato oportuno para sermos levados por outras sensações. Os desenhos gravados de Ana Takenaka configuram-se neste interstício entre sensações e ações que responde a uma vaga intuição, como em um sonho, pois “...o sonho é um prestidigitador hábil, muda as proporções das coisas e suas distâncias...”¹. Desta forma, suas imagens são partes “...da imaginação como repertório do potencial, do hipotético, de tudo quanto não é, nem foi e talvez não seja, mas que poderia ter sido.”², ou seja, de um todo improvável, mas insistentemente pressentidos. Nas gravuras de Ana Takenaka todos os elementos incisos, adicionados, marcados são articulados e rearticulados em estado provisório, capturados em um instante passageiro que se expande e, por isso mesmo, em suspensão. Uma delicada contradição que possibilita à artista a revisitação de seus rabiscos com repetidas impressões das aveludadas pontas secas, da captação de desenhos feitos com fitas adesivas encoladas sobre a matriz, da adição, no momento da impressão, de papéis colorizados com os restos de tintas deixados no ateliê. A existência destas matérias possibilita à Ana o mergulho cego no desenho-gravado: suas estampas são desenhadas pela combinação de gravações já existentes, que se renovam com a inserção de novos elementos gráficos e pictóricos no momento de sua estampagem. O desenhar que não se vê, descrito por Derrida³, é entendido aqui como a impossibilidade de se conhecer a imagem gravada antes de sua impressão, reforçado pelo processo empregado pela artista de realizar impressões únicas de suas composições gráficas. A cor presente em suas imagens, ora enfatiza algum elemento gravado, ora demarca parte de um espaço multifacetado. Algumas inscrições flutuantes indicam um caminho trilhado, ou um desejo a ser alcançado. Desta forma, os confins de suas imagens expandem-se para além das extremidades do papel. Certamente, é a necessidade de desenhar que conduz a artista a aventura do registro, da caligrafia imagética, do tracejar gravado que insiste em dar visibilidade ao espaço do papel, pois é o papel que, soberano, abarca a extensão do sensível e sustenta todos os sinais gráficos e pictóricos ali estampados."
Helena Freddi
Primavera de 2017
¹SARAMAGO, José. O Conto da ilha perdida. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. P. 50.
²CALVINO, Italo. Seis propostas para o próximo milênio. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p.106.
³DERRIDA, Jacques. Pensar em não ver. Editora da UFSC: Florianópolis, 2012. p. 163-190.
JULIO DE PAULA
“Desnorte”, apresentado por Julio de Paula, é o registro de uma ação realizada em junho de 2016 no Gran Salar de Tunupa, conhecido como Salar do Uyuni, Bolívia. O artista, que tem buscado criar uma cartografia poética latino-americana, neste trabalho, realiza uma espécie de rito de passagem sul-americano.
Uma bússola, principal instrumento da era dos descobrimentos, que sempre aponta para o norte, nesta ação é enterrada no meio do deserto de sal, onde será definitivamente desmagnetizada pela ação mineral. “Sem o aparelho funcional, faz-se necessário voltar-se para o mundo natural: olhar as estrelas, os acidentes geográficos, buscar o nosso conhecimento ancestral, fazer uso do próprio poder purificador do sal. Trata-se de uma escolha”.
Na exposição, é apresentado um vídeo que registra a ação ritual, uma fotografia-documento, que marca o lugar em que a bússola foi enterrada, além de três imagens fotográficas do deserto, realizadas no entorno do vulcão Tunupa. Completa o trabalho, a transcrição de uma antiga narrativa andina a respeito da formação do salar, cruzando a trajetória mitológica com o trabalho do artista.
Julio de Paula é radioartista, interessado na documentação e deslocamento de paisagens latino-americanas. Tem a cultura popular tradicional como foco de investigação. Com formação em Comunicação, é diretor de programas da Rádio Cultura FM. Em sua pesquisa, busca um ponto de contato entre o rádio e as outras artes, o que tem chamado de rádio-expandido. Nos últimos anos, tentando compreender e inserir o Brasil no território sul-americano, tem desenvolvido uma vivência em torno dos solstícios, com desdobramentos em projetos e ações, como a série “Epifanias”.
Em 2012, apresentou a radioperformance “Édgard”, pela Mobile Radio BSP, na 30ª Bienal de São Paulo. Em 2015, realizou a peça “El Sur es el Norte” para a Kunstradio Radiokunst (Áustria). Em 2016, ao lado de Teresa Berlinck, apresentou a instalação PAI dos BURROS, na Oficina Cultural Oswald de Andrade (SP). Em 2017, teve trabalhos retransmitidos pela Rádio Documenta 14 - Every Time A Ear di Soun.
ZECA CALDEIRA
nascido no Rio de Janeiro, começou a carreira profissional em 1999, como assistente de Luiz Garrido e Sérgio Pagano. A formação em estúdio e o aprendizado no trabalho editorial, contribuíram para que em 2000, fosse selecionado a participar do programa Curso Abril de Jornalismo para Revistas. Mudou-se para São Paulo, onde se estabeleceu como fotógrafo freelance, em 2001. Ainda este ano, foi chamado para Editora Três, na qual fotografou para as revistas do grupo IstoÉ, até 2007. Desde 2005, é também integrante do coletivo casadalapa, projeto, do qual foi um dos fundadores, e que hoje reúne cenógrafos, designers, videomakers, fotógrafos, músicos, DJs, grafiteiros e artistas. Ganhador do Prêmio New Holland de Fotojornalismo Internacional 2007, Caldeira também participou de exposições, mostras e salões, como a individual de outubro de 2006, no Museu da Imagem e do Som (MIS-SP), pelo projeto Novos Talentos. Em 2008, mudou-se para Londres, onde formou-se mestre em Photography and Urban Culture, pela University of London, Goldsmiths College. E onde desenvolveu e expôs dois projetos que tratam do cotidiano e da vida do cidadão comum. Hoje, de volta ao Brasil, atua como fotógrafo freelancer para revistas do grupo Abril e realiza trabalhos corporativos. Também atua na produção de audiovisual onde destaca-se a participação no projeto Enquadro, selecionado pelo programa Rumos do Itaú Cultural em 2010.
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