De 3/3/2021 a 15/10/2021
"Do Carbono e do Amoníaco"
Uma exposição inspirada pelo poema "Psicologia de um Vencido" de Augusto dos Anjos
galeria Gravura Brasileira
curadoria Eduardo Besen
(exposição virtual)
Da origem da vida à ciência e à tecnologia
Da terra e da natureza à criação e ao "big bang"
Do gesto à linha
Da matéria ao rarefeito
Da herança à passagem do tempo
Do simbolismo ao modernismo
Do existencial ao simbólico
Do contemporâneo como transição e fluidez
Do desconcerto existencial
Entre o existencialismo e a ciência e entre o átomo e o cosmos, Augusto dos Anjos escreveu uma poesia violenta e visceral atravessada pela angústia cósmica e pela lembrança da morte. O Homem é finito e se decompõe. A existência humana é sujeita à biologia e a decadência do ser. O estilo grandiloquente da escrita exprime esta luta entre o excesso, a agonia e o desespero.
Esta dor existencial se conecta com nosso tempo de pandemia e de autoritarismo sem possibilidade de fuga, escape ou saída. O fim da existência: Uma estética da podridão.
Da terra ao céu e do sublime ao grotesco é o gradiente que esta seleção de gravuras do acervo da galeria Gravura Brasileira nos traz. Assim como a vida, a gravura é química, é verniz, é ácido, é tinta, sulco, matéria escavada, gravada, retirada, exposta e reutilizada. É madeira que vira matriz que vira papel. É cobre que corrói e cria a imagem pela ausência. No embate do artista com a matéria nascem as imagens desta exposição que confrontam a existência e retratam a luta da espécie humana pela sua permanência.
Psicologia de um vencido
"Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme – este operário das ruínas –
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!"
Augusto dos Anjos (1884-1914)
Artistas
Adriana Moreno
Ana Kesselring
André Yassuda
Antonio Carvalho
Atelier Piratininga (coletivo)
Biba Rigo
Ernesto Bonato
Francisco Maringelli
Iberê Camargo
Jacqueline Aronis
Julia Goeldi
Lygia Eluf
Marco Buti
Norma Mobilon
Oswaldo Goeldi
Otávio Araújo
Paulo Camillo Penna
Regina Carmona
Ulysses Boscolo
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