Gravura Brasileira

Contragolpes

Contragolpes

De 29/9/2018 a 23/11/2018

Obras

Gravura Brasileira

convida para a abertura da exposição 

 

 

 

 

"Contragolpes: obras recentes de Biba Rigo, Cláudio Caropreso e Francisco Maringelli"

texto de Luiz Armando Bagolin

curadoria de Eduardo Besen

 

 

abertura- 29 de setembro de 2018, sábado, 13-17h

 

 

A galeria Gravura Brasileira apresenta a exposição "Contragolpes: obras recentes de Biba Rigo, Cláudio Caropreso e Francisco Maringelli". Marcadas pela ironia e pela crítica ao mundo contemporâneo, as xilogravuras e monotipias nos transmitem a resiliência da arte e do artista frente ao estado das coisas.

 

 

 

"GRAVURA E IRONIA"

 

"Há algum tempo escrevo sobre as produções de Francisco Maringelli e Cláudio Caropreso, dois amigos de longa data, dois gravadores que têm afinidades em relação à tomada de posição diante da vida e da arte, embora com estilos e direções diferentes em seus trabalhos. Fico pensando, à luz dos novos conjuntos de estampas de ambos, e não sem uma dose de dúvida a respeito, como a gravura brasileira, em especial, por todas as agruras a que foi e vem sendo submetida nas últimas décadas, padecida de toda a sorte de preconceito e desdém dos muitos que a tomaram como arte menor ou daqueles, mais jovens, que apenas a ignoram, foi se tornando resiliente em relação aos acontecimentos em seu entorno e, ao mesmo tempo, sendo investida de uma dose fina de ironia como forma de devolver o escárnio ao escárnio de nossa realidade. Nos novos trabalhos de Maringelli, (Chicão), nos quais giram, em novas poses, figuras que frequentemente habitam o seu universo plástico (a rua, os utensílios, as ferramentas, o lixo, as coisas descartadas, os brinquedos) há um aumento significativo da dose de ironia e de sátira que acompanham a sua produção desde o início da década de 1980.

Como a sua obra está fortemente comprometida com a representação dos gestos na efetuação dos cortes na superfície da matriz (o seu universo por excelência é o do relevo) e simultaneamente com a construção e articulação de uma figuração que comenta o expressionismo e o neoexpressionismo históricos, tais condições nas gravuras que ora se apresentam se destilam na exposição de personagens, figuras de bonecos e brinquedos que nos dão a medida de que arte pode nos fazer lembrar o absurdo no qual vivemos cotidianamente. Por exemplo, no ursinho que nos mira do interior de uma dessas gravuras, “atônito”, enquanto o papagaio mascote do posto de combustível, porém, agigantado como pela soberba tucana, nos indica com a ponta de uma das asas uma saída, à esquerda? Não, de modo algum, mesmo porque no canto nos espreita um Bolsomickey como espécie de um monstro híbrido conduzido na faixa à nossa farsa e tragédia. Justo, porque nós o criamos. De modo metalinguístico, a representação das figurinhas de futebol, retratadas como as suas figuras, compreende um comentário satírico à mais uma copa finda e sobre a permanente ilusão de que a nossa salvação virá pelo futebol. A cabeça de uma figura rola, virando a bola da vez, figura-bola, no jogo em que talvez todos sejamos apenas peças usadas e obsoletas, como os manequins quebrados, deixados nas caçambas de lixo da grande cidade na qual nascemos e morremos. Talvez nunca tenha mencionado isso antes, mas há na gravura de Chicão, e no uso que faz da ironia, uma reflexão sobre a morte. 

De modo correlato, “Claudinho” Caropreso comenta a realidade circunstante, a prática gráfica, a linguagem dos cartazes de rua e a própria história da arte, na efetuação de seus novos cartazes. Se na gravura de Maringelli, há sempre a busca de uma narrativa, na de Caropreso a narrativa se dá antes pela suspensão da estória num “frame”, um lance que congela a figura interpretada pelo seu desenho e pelo seu corte, e a emoldura entre frases que potencializam a ironia do ato da citação: Weltrevolution: ich war ichbin ich werde sein..legenda o remake da mulher de peitos-olhos do pintor De Kooning. A cabeça de Bacon (?) derrete pelos ombros e a sátira sobre os caras que são famosinhos nos livros de arte manifesta-se nos chapadões de cores intensas, que agem diametralmente em oposição às regras do bom design gráfico: não clareiam a mensagem, antes a obstaculizam. Claudinho alude à arte pop, de Warhol, Indiana e outros, mas lhe dá uma invertida, pois é das invectivas contra o sistema artístico, a sua mesmice, que as suas figuras em matrizes perdidas gritam. Não há arte sem fúria! Este é o lema, comprem-no ou não, ou talvez nem sequer o saibam, não importa. Porque é da energia dos interplanos de cores matizadas e da agressividade dos cortes que as suas imagens assomam, continuamente emitindo o sinal sob as mensagens cínicas. 

Outra surpresa boa nesta exposição é a obra recente de Biba Rigo. Não a conhecia, nem acompanho seu trabalho, mas as suas novas monotipias são instigantes; transitam materialmente entre a pintura, o desenho e a gravura, expondo uma boa dose de brutalismo, proposital, no trato das imagens que recolhe nos jornais de notícias impressos. Estas imagens são transferidas e alteradas nas monotipias, como inscrições que, inculcadas, agem na cabeça de Biba, regando os reflexos da confusão que a miríade de informações no mundo de redes sociais interpõe na realidade. Esta, como tal, não é para a artista senão um conjunto de palimpsestos que se apagam uns aos outros, restituindo o plano trabalhado, visto à distância, à efemeridade de uma paisagem esbranquiçada. À noite, todos os gatos são pardos, mas será que são gatos mesmo? Talvez sejam somente bits que se transformam em manchas, arranhões e imagens para o mundo sensível, aludindo a gestos que mutuamente se anulam de modo a comentar a dificuldade ou a impossibilidade de se continuar a pintar, gravar, desenhar num mundo aparentemente sem interesse por tais coisas, embora não desapareça a atitude, em nenhum deles, incontornável, de permanecer sendo justamente artista." 

 

Luiz Armando Bagolin

Agosto de 2018

 

 

 

Galeria Gravura Brasileira

Abertura - 29 de setembro, sábado, 13-17h

Período expositivo: 29 de setembro a 23 de novembro de 2018.

artistas: Biba Rigo, Cláudio Caropreso e Francisco Maringelli

fotos: divulgação

Horário de funcionamento: 

Segunda a Sexta: 12h00 às 18h00 ou com hora marcada

 

Rua Ásia, 219, Cerqueira César, São Paulo, SP

CEP 05413-030 - Tel. 11 3624.0301

www.gravurabrasileira.com

http://www.facebook.com/galeria.gravura.brasileira

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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